segunda-feira, 17 de março de 2008

Rodrigo,

primo querido, sonhei com você essa noite. Era tão real, as nossas brincadeiras, as risadas e a cumplicidade, tudo ali, junto, na sala da casa de sua mãe... aí acordei com a droga do despertador. Ainda tentei dormir mais uns minutos, mas o censo de responsabilidade e a lembrança das coisas a fazer me forçaram a levantar nesse dia nublado e feio. A vida por aqui anda boa, um pouco corrida demais, mas diria que no geral, tá boa sim. Mainha chega hoje aqui, a convenci a passar a Semana Santa comigo. Tu conheces a peça, não queria vir, fez um doce, reclamou, não queria dar trabalho, eu mandei se lascar - eu e minha delicadeza - comprei as passagens de avião e ela embarca à noite. Vamos passar o feriado numa cidade de serra aqui chamada Ubajara, cheia de trilhas, com bondinho, igrejas bonitas na região pra ela visitar, beata do jeito que é e uns restaurantes com licores diversos, tou toda animada. Vai ser programação bem família, vamos levar João e a minha sogra. Vamos ver como será essa interação. Eu, na TPM. Tem medo? Eu tenho.

A irmã fuleira não vem, as amigas vão passar dias em Maceió e ela fica para recebê-las. Depois tenta falar com ela mandar um email, passou por maus bocados há alguns dias. Ah! Não sei se você soube, mês passado a magrela conversou com mainha sobre aqueles assuntos. Foi. Ficou tudo bem. Mainha é mesmo uma guerreira. Entendeu tudo. Acho que se eu for mãe um dia quero ter isso dela, de valentia, ficar do lado das filhas sempre sem nem fraquejar. Mas vou querer que meus filhos me dêem menos trabalho do que eu dei, afe, eu tenho saúde não.

Nem te contei, fui a Recife depois do carnaval, visitei Tia Dalila e Tia Maria. Há tempos não as via e tinha prometido a titia que quando fosse iria até lá. Ela não acreditou e chega se assustou quando eu cheguei. Reclamou que estava com os cabelos escuros e me mandou emagrecer. Já pintei de vermelho só falta perder uns 5478 quilos pra ficar tudo certo. E tu? Vem quando? Saudade do tamanho do mundo. Muitos planos aqui, estou montando a minha empresa em sociedade com uma amiga de Recife. Vou com calma, aos poucos e vai dando certo. Continuo no emprego e vou levando as duas coisas em paralelo. Estou animada e feliz. Quer vir me ajudar não?

O casamento vai bem, obrigada. A cada dia me dou conta do quanto cresço com essa relação. Ele é mesmo o amor da minha vida. Depois de tu, é claro. Porque tu sabe, ele é meu nêgo, mas tu sempre será meu neguinho. Muito amor pra ti e me escreve logo. Em português, tá, porque essa tua vida nos states te deixou esse mal hábito de escrever assim, estrangeiro, e eu gosto de tu é tupiniquim.

Um comentário:

Maucir Nascimento disse...

Uau!
Boas memórias do sargento de milícias.
A mãe, que estará na semana santa. O marido amado tão abençoado. O emprego, e o empreendimento, tocados em paralelo.
As palavras de uma sensação doce da vida. Se essa sensação não fosse tão sem forma, acho que podíamos produzi-la em tamanho de outdoor, e por na rua pra mostrar algo realmente interessante às pessoas, hein?