quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tatit, Van e Briza,

As Cartas foram aos poucos me trazendo esse desejo de escrever de novo. E ainda que vocês não me conheçam, eu tenho lido tanto o blog das três, além deste aqui, e já adoro tanto, que me sinto de certa forma um pouco íntima de Van e Briza. Tatit carrego comigo sempre como uma mão, um olho, uma perna. Não, Tatit, nunca vai ser para mim menos que um pedaço de mim mesma.
As cartas de menina que foram silenciando com o tempo, e de que Tatit é testemunha, renasceram para que eu continue proclamando quase solenemente o amor que sinto pelos meus seres queridos.
A gente não pode silenciar mesmo, porque, dentro e fora, tudo continua gritando, esperneando, sacudindo e descascando as feridas. E amizade é coisa que não acaba, é órgão importante, não é apêndice, e de vez em quando inflama, só pra que a gente não esqueça de cuidar.
E escrevo também porque daqui tudo parece menos deformado, e por isso mesmo aqui a tinta desbota, a máscara cai, e o corpo envelhece depressa. Nesse país distante, onde eu me sinto completamente estrangeira, quase imersa em um universo paralelo, olhando pra dentro demais, eu preciso vir à tona para enxergar, compartilhar e tocar as mãos daqueles que seguram o olhar, já que estou rodeada dos que fogem. Agora entendo melhor que dentro da gente não existem respostas, só no olho do outro, nas palavras do outro é que a gente entra em comunhão com o mundo.
É assim que começo, pedindo licença, como se faz no lugar onde nasci.

Amor,

Jana.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Minha moça linda das sardas,

Faz tempo que não escrevo carta, nem scrap, nem depoimento, nem e-mail, nem passo horas falando no msn ou no talk do gmail. E não foi uma vez só que você me chamou pra me perguntar coisas, pra me perguntar se ainda amo. Amo, um amor do tamanho do mundo, VanVan, e te penso todos os dias da minha vida. É que ando sem tempo, sem pensamento rápido pra digerir tudo o que preciso e fazer outras coisas. Sinto que meu tempo é outro. O ingresso pra escola de jornalismo esse ano foi coisa bacana demais na minha vida. Lembro da gente no jardim da dona sogra falando de sonhos e fazendo planos de estudar juntas, na UECE, Letras. Lembra? Nunca me esqueci. E hoje são tantos livros, tanto texto pra produzir e agora vivo me esbarrando nas minhas limitações. Já me achei burra, já pensei que minha área é o teatro mesmo - não por ser verdade única e limitadora , mas por poder permanecer na zona de conforto. O curso da UMESP é ótimo, super prático, bem direcionado para o mercado de trabalho mesmo, desde o 1º semestre. Mas sinto que fica meio capenga na parte teórica, por isso corro atrás de ler diariamente as referências, os livros que não são exigidos, mas que muitas vezes na conversa pós-aula os professores indicam. Penso em começar a preparar a partir do próximo semestre uma iniciação científica, sobre como os movimentos populares e/ou culturais se comunicam com o marxismo teórico. Tô apaixonada sim, envolvida. E isso é motor de mim, que tu bem sabe.

Sábado e domingo próximos tem Virada Cultural, sexta-feira vou no show da Rita Lee. Vou ser bem feliz. Talvez mude de casa em breve, e você nem Marcelo vão conhecer minha casinha com balanço no meio da sala. Nem Briza, que diz sempre que quer vir, mas nunca vem. E eu fico assim, com saudade de tudo, com saudade de todo mundo.

Tenho que ir lá fazer a prova de hoje, o conteúdo é de pequenas inutilidades.

Amor maior do mundo pra você,

Tatit